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domingo, 21 de julho de 2013

Alternativa continental ao estatismo. 21/07/2013

Presente em Villa de Leya, ao norte de Bogotá, para acompanhar, em junho, reunião de nível ministerial da nova Aliança do Pacífico, a colunista especializada em América Latina do “Wall Street Journal”, Mary Anastasia O’Grady, registrou que, enquanto transcorria o encontro em torno do novo bloco comercial , os jornais nas bancas da cidade colombiana traziam notícias das manifestações no Brasil.
O contraste é de forte simbologia, até porque, segundo O’Grady, a aliança provavelmente criará um poderoso contrapeso ao “retrógrado protecionismo e estatismo do Brasil, Venezuela, Argentina e Bolívia”, esta em fase de ingresso no Mercosul, onde se encontram os demais, num momento de crise no bloco, em que, de fato, há forte tendência protecionista e dirigista.
Mesmo o Paraguai, expulso do Mercosul numa manobra para permitir a entrada da Venezuela chavista como membro pleno do acordo comercial, se aproxima da Aliança, enquanto reavalia se compensa voltar ao bloco do Cone do Sul, na presidência de Horacio Cartes, a tomar posse em agosto. As condições oferecidas pela Aliança do Pacífico são mesmo tentadoras, pois o grupo tem uma visão mais aberta da integração com o mundo, e seus fundadores — Chile, Peru, Colômbia e México — ostentam uma performance econômica muito acima dos componentes do Mercosul.
No ano passado, enquanto o PIB brasileiro não foi além de uma expansão de 0,9% e a inflação bateu nos 5,8%, o México cresceu 3,9% e a inflação ficou em 3,2%; o Chile, 5,6% e uma alta média dos preços de 1,8%; o Peru 6,5% e 2,7%; e Colômbia, expansão de 3,4%, com apenas 3,4% de inflação. Quer dizer, não há crise externa — a explicação oficial clássica para as mazelas brasileiras — travando esses países.
A diferença entre a Aliança e o Mercosul, a tomar pela conjuntura mexicana e brasileira, pode aumentar. Pois enquanto no Brasil o governo não consegue ativar os investimentos — estacionados em insuficientes 18% do PIB —, o México, no governo de Enrique Peña Nieto, acaba de anunciar um plano de inversões de US$ 316 bilhões, em seis anos, em rodovias, ferrovias, infraestrutura de telecomunicações e portos, para ampliar a competitividade do país. O Brasil tem o mesmo objetivo, mas falta confiança nos investidores, depois de algumas desastradas intervenções do governo (setor elétrico, petróleo/pré-sal). No México, o clima é outro, porque, sob o novo governo, segue-se um pacto para reformas liberalizantes — parecidas com as realizadas no primeiro governo de FH —, negociadas por Peña Nieto com a oposição antes de tomar posse.
Os ventos a favor podem soprar com mais força à medida que se recupere a economia americana, à qual o México é muito dependente. Não faltam dados para os estrategistas de Brasília avaliarem os prejuízos para o país caso se mantenha imobilizado numa união aduaneira em pane, sem ao menos induzir sua transformação numa aliança comercial, mais flexível.


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